vales brancos - poesia

 



Vales Brancos

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Existir num destino

por supremacia


a)


Tenho um enjoo

na barriga

da náusea

do tédio

da esperança

do parto

do aborto

perdido

dum porto


b)


Parti e regressei

na mesma morte

da mesma vida

cú em ferida

salva perdida

bala ao sortido

de quem a quer escolher

sem a querer viver

outra esperança

do filho que não nasceu


c)


São partos do partir

são visões cegas

dum homem do chegar

achego fluir

doí-me o fórmico

doí-me o doer

dá-me o prazer

de o saber

sem o tentar

talvez acredite

nessa mentira


d)


Vales brancos

justificam a geada

penélope de meada

bigode de ditador

espera de professor

lugar de errância

promessa de vitória

que faz zombar a glória

como um pastel

que tudo justifica


e)


Os dedos crescem

de velhice

perdidos no mesmo

apego de qualquer

ilusão encenada

vírgula de ponto

e sangro fora da lei

porque me matei

na pena sem lei

na lei sem morte


f)


Vales brancos

de vida ao crédito

com o valor seguro

da própria morte

lucidez de vista

graduação acolita

certificação alcoólica

da hóstia empírica

choro o suor

no sangue frio


g)


Absorto esquélico

presente presença

o renascer

não devia morrer

na renascença

esqueletos sem nome

cinzas do pó

que a eternidade

mastiga de hálito

ao amontoado


h)


Visões de império

e ao agrado gosta

rumores de periferia

que as recordações

aos corpos culminam

Sémen pergunta

de virgens ámen

e os livros esperam

outra sabedoria

que o conde da vingança



marginal neblina

amp

Espinho

27122021

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