"i shot the sherif"
CIRCUM-NAVEGAÇÃO
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por marginal neblina
Revolvum
__________
I
Quem terá
nascido primeiro
o proto barco
ou o acto
de o navegar
assim nasce a esperante
perante o acaso
de a alcançar
longo azul
de trémula linha
ondular
II
Que edital
o terá erguido
o sonho do império
ou o simples sonhar
de uma vela esticada
por vento a domar
poesia dum povo
a quem naufragar
faz destino contido
do seu viver
III
Outras tribos
a ditaram
mares por suas leis
mas encurtando
o mundo ao que resta
e ao que se presta
fomos ditando
por feitio
de fado negro
onde se cruza
o sangue
IV
Saudosismo utópico
como cruzam os ares
mas todo o desconhecido
ainda lhe deve
e o enigma
encerra vivo
não a sorte das gentes
mas a arte de viver
a quem sobrevive
fatalmente
V
E o dever
assim tem pressa
nesse campo da poesia
em que o mar
é alquimia
da rosa
de todos caminhos
que nos suspenda
acredita
na verdade de nos
cumprirmos
mare nihil
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I
O compasso
rodovia em vão
na mesma resposta
roubar o destino
não adianta
quando se faz
a eternidade
e o Capitão
parte em saudade
na cruz
que o acredita
II
Nem vento
só lamento
resta à arte
de navegar
pocessos
pelo tempo
em que o espaço
implodiu para dentro
no sonho da faina
outra quimera espera
outro ouro a febre dera
III
Marinheiros de soluços
em braços bruços
tontos no canto
das sereias
que a globalização
fez entornar
destinados
sem harmonia
sem balançar
da Constança
e na bonança
IV
E a fortuna
em quem mais bate
na vil prova
do consumo
outra vida
se promete
sem a glória
de seu prumo
na ordem vã
dum outro signo
fora da constelação
V
Frebe sobraça
assim meu povo
não sendo a sina
a raça feita
mas o tomar
que assim condena
e outra pena
assim desfaz
mais um tempo
que se encobre
na neblina
Viribus
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I
Outro mar
outra estrela
que o navega
outro sempre
mesmo fado
de o ser livre
à velha fronteira
que viu o mar
em mesma força
seu cuidar
esperançoso
II
Em nessa cruz
tudo se ergueu
e tudo se complaceu
como o fim da escravatura
em seu tempo odioso
se o deu
e cumprirmos
no fim do império
outro mesmo vivo são
em que a fala nos ergue
vivos do mais que negreiro
III
E assim ditoso se
cumpriu essa sina
no seu saber
ante a cultura
de irmãos
partilhadas
no seu perceber
em jura aos astros
de condição
que o próprio saber
engrandece
IV
Ainda erramos
por vocábulos
gestos cantos
perfumes
que nos incendeiam
a candeia do pequeno
lusitano
que é do próprio
mestrengo
companheiro
de filosofar
V
Ode ao sal
língua viva
pátria que se alberga
na ditosa vela
que representa os mares
nos idos sonhos
que voltaram
livres por não
serem de presos
ao tomar e assim
é "a esse que regressarei"
Faciet
________
I
Não toma o filho
a espada do pai
face à medida
nem sempre o mesmo
na volta-face da moeda
ser de representar
não representa
e a vontade
é o partir
de cada trinar
em cada porto
II
A partida
é o fado
a uma morte segura
tristeza da despedida
que ergue
em bandeira
mar distante
telhado longínquo
que dista a saudade
de brandura aceite
no seu salgar
III
Não são as trevas
que casam
o futuro
e o condicionar
é a alma que troveja
o seu beber
por suicidar
no emprego
são pelo ópio
de as ter
sem as enganar
IV
E da Pátria memória confim
resta a identidade
do sonho querido
de ser português
por sina prometida
na nobreza clara
em sortes faenas
de perceber o mistério
das linhas que se revelam
sob a conduta
V
E nossas armas
são mágicos
superlativos
talentes latentes
dum sopro
que se desponta
no vulto
do seu querer
no amor puro
que o sentimento
recordará
Revelationém
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I
Sonha-se no mar
vive-se em terra
pronúncio
do areal sagrado
onde a tribo
se ajoelhou
domesticando
os sonhos
e o acto infinito
da terra prometida
é o relançar da raízes
II
O ser viver
não representa
riquezas
ante mais que tudo
alquimias intemporais
donde vem
a mística
da nação
em sua alada
promessa
III
Ser o mar devolve
toda a expansão
a língua comungada
esse mesmo universo
clandestino rabino
outra porta magica
rabisco do mesmo verso
e isso são joias
da nossa alma
recondidas
como um oceano
IV
O futuro bem Troia
nos contou
destruído
o forte
que a protegia
são promessas
que a história
conhece
sendo mesmo
a luz do dia
V
Da saudade parte
um barco
Portugal
assim cumpriu
a qualquer lugar
que o sonho
doirado de uvas
sagradas
em todo tempo
que um português
que existiu
FIM
Marginal Neblina 10102017 Espinho AMP
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