OS VAREIROS

 


OS VAREIROS

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Ao Povo dor em especial para o Ti Adolfo




Marginal Neblina

27062017




Natura


I


De meio mundo que mar abraça

no peito luso assim se dista

fazendo do tempo nessa raça

o atlântico assim avista

fortuna em raro de ser prece

temperança e sua Constança

a quem de mito deva merece

o crente hino tem áurea peça

tudo seja ter sonho navegar

naquilo ventre que se almeja

nas marés do seu perfeito ditar

teu vulgo de bruma que se veja



II



Dos teus escombros nossa saudade

Atlântida desaparecida

no teu legado te ser verdade

e civilização prometida

onde os ciclos das marés tomam

eterno retorno seu encontro

nas premissas que ao novo domam

o saber dos enigmas de puro

tomando no crente esse cair

da esperança de todos dias

ver em mesmo sempre triste sumir

salvo vivem magicas poesias




III



Cinco ondas ditam o ditado

sete tomas suas sinergias

e nem sempre como do passado

todas tomas de suas magias

Navega como bravo Oceano

na memória desse teu lugar

livre do parecer de insano

ilusão que o peixe arranjar

sem sobras da inclusão cizo

o sal é a própria ferida

no areal intemporal lizo

da vida por si mesmo medida



IV



Névoas distantes que abarcam

o ser e a nostalgia viva

que do presente assim lho bebam

como tragédia mesma lava

código expressa tendo sendo

memória dáda outro tempo

em que a esperança desse credo

seja matéria alma dopo

do seu sentir de um recto todo

no infinito donde futuro

da altivez de forma deseja

na prisão dono deve escuro

sem do dever que o brilho seja




V



Em natureza que se consola

o pão sustenta admirável

sem essa ideia profana tola

que a terra é infindável

sagradas águas sortes gentes

em tua prece são a oração

no ensejo dizer diferentes

bater temporado do coração

e neste lanço assim começa

esta praia da nossa devoção

para que tudo se transpareça

o engenho é tida armação




A VARINA



I



Heis que no areal transfigura

o mito das águas revoltas

e ver assim tida a figura

de mulher que canta as voltas

no negro imperioso luto

de quem vê do mar pretero roubar

no sangue promessa deu seu voto

fiel á capela do nosso mar

contudo se deve alegria

em forças magas de coragem

como da tristeza o nascia

no dever da bela Santa Virgem



II



Geometria conclui objeto

sagrado na cabeça transporta

o peixe vivo em seu de vulto

vai batendo de porta em porta

cabaz ripa madeira somam sal

no pregão vivo dessa mestria

e de espinho viva! a triunfal

sabendo melhor dar que sabia

A canastra leva os seus filhos

quer-se assim mulher de amada

nem a areia tem os teus brilhos

tu mulher em prata escamada




III



Da irmandade ser gerência

e nos pergaminhos do avental

ser o sagrado deve ciência

tirando vísceras a outro mal

em dias santos recorte belo

governo da casa nesse melhor

criança homem tem no teu colo

perfume a mar com o seu sabor

tem assim do tempo em governo

na peça magica por seu furor

e lá céu entre esse inferno

na loja ganha no empreendedor



IV



Em nuvens negras se me adorno

em meu xaile cobre o todo mar

dessa tristeza mudo transtorno

de não os ver mais sonhados voltar

Por dias sou de mais alegria

flores cornucópias perfeitas

em festa por viver todavia

nos ciclos de fé das minhas festas

São os cabelos dessas águas

tudo no que ceder me transtorna

que na revolta dessas mágoas

do ser do destino nos condena



V




Barrega-se na sina por sinal

mostra-se o ouro por condena

nesse todo dorido desse sal

em toda a tribo que se una

Mulher em período sem tramas

sereia escondida ao olhar

firme na glória do que amas

no ditoso eterno aclamar

Futuro não temas por o certo

na dureza fixa dentre pregar

o coração é um de aperto

e tu a mulher do perfeito mar




O VAREIRO



I



Não toma mais tempo a legenda

o filho do saber dos larotes

que da raça ainda se renda

muitos os filhos de seus magotes

místico ser dessa alvorada

tem na verdade no ter de nunca

se assume força encontrada

no saber lendário da pesca

o ser diário da conquista

nas raízes santas nosso porvir

com do passado em praia feita

em viver simples que se deixa vir



II



Tida de quem o peixe apanha

todo o retoque nessa parte

vareiro que viva sem a manha

fora fica da xávega arte

no entanto não é o engano

nem figa e bruxedo torto

é todo do saber que decano

leva amor ao peixe devoto

na perícia de o seu mester

lutando no trágico desse mar

com as chances chagadas de morrer

para já seu modo de vida levar




III




A neblina saudade cachimbo

assim ouvem chamar os mortos

presos ao coração sem o cabo

pleno saber que vive em todos

patentes de seu sabor corsário

move libertária revolta

injustiça que mar rosário

e sim bebe-se mais dessa volta

e a morte é de companheira

leme firme da sorte navegar

ser arte amada verdadeira

até tempo eterno acabar




IV



Desengane-se a fé quem não tem

sagrado existe nestas redes

o longínquo peixe se voltem

fervoroso suas mesmas sedes

alegria própria dum homem

de se render em si ao divino

ciente porque no crente tomem

como o sinal tido seu sino

na vivencia rege areal

senda da pagina de se signo

ao próximo ser alvo boreal

que lhe marca do certo destino



V



Sua fala seu cantar salgado

tomo se o mar assim o seja

magias de luta conjugado

na rede altivia que veja

boina cansa pedido da marés

camisa as linhas como vagas

descalços andam os seus pés

raros em si de coisas afagas

Não ser mesmo para que do barco

ser sacrificado na areia

num dia rico outro de parco

e noutro em busca da sereia




As artes




I



O tempo e saber fez engenho

fazendo aguçar sucedido

de resto são forças do empenho

que a astúcia ergue em pedido

E por essas alvas madrugadas

lá vamos-nos sempre despedindo

da vida com boas gargalhadas

de ser marujos no vento vindo

Sejam sortes ou tidas fezadas

ou o estrilho sarilho do azar

luteremos proa levantadas

para os bravos peixes apanhar




II



Nobre Dragão que o navegamos

recorte sagrado da estrela

dorme na areia descansamos

quando toma fúria em sê-la

é por ás ser do nosso baralho

em seus recortes duras manobras

fazendo de si mesmo trabalho

nessas mágicas ser outras horas

Quebrando ondas equilíbrio

julgando do lance de mestria

para não dar dor ao martírio

no melhor saber que se podia



III



Lança-se rede ao mar atentos

olho de peixe mesmos procuram

lá onde a magia o ditar prestos

por a alma dos que conjuram

e do lance tira-se pendulo

puxado por pessoal em terra

na manha certa de o prende-lo

nas areias de sangra pura

tomar firme já o barco lança

mais uma volta de ser navegar

sonho em qualquer canda criança

que cresceu por impera beira-mar



IV


Ainda antes aos olhos do Arrais

cozeu-se saco com a fateixa

e os homens não ditam frágeis ais

nem no tocar da certa de bruxa

andam galifões com a labuta

insanos de sua temência

revolta cresce como a luta

depois ao sol toda a dormência

ora mulheres já afazadas

preparam suas belas canastras

aventais das contas afamadas

com lenços em cabelos á mostra




V



Heeeila - Deus mais quem no passado deu!

Carapau Biqueirão e Sardinha

Robalo Linguado o Ruivo

"manjar mais do que a galinha"

ao de ver no Povo por em vivo

sonho transcende qualquer de pranto

enquanto se navega por gosto

fazendo eterno todo canto

de escamas dos seus certos mosto

Em mil almas caminho a mim

neste estranho ser poesia

sem busca de outro possível fim

que liberdade da maresia





PREDOMINAÇÔES




I



O tempo dos tempos se perguntam

qual do passar magico que solta

no peixe raro da fé por tomam

na sentida chorosa a volta

vivem do passado orgulhoso

e sem sentinela na neblina

ou nele de raízes do nosso

futuro da mesma tida sina

um intuito ser revitalizar

todo pretérito com presente

das companhas exemplo triunfar

com modo dar vida diferente

num barco templo pronto navegar




II



Tudo pede o insurgimento

revolta completa mesmo lugar

deixar negreiro batido morto

e na cruz de livre do marear

Em pequeno é sempre épico

nos modos cuidados desta raça

que varreus os portos louco

por a fé ser em sua desgraça

Nessa toma daqui vão seus filhos

vai outros mares por de fortuna

a sonhos maiores que os ouros

e as copas das intimas dunas




III



Não há vida sem a utopia

de o que acrescentar á cuja

que Jesus escolheu de sábia

de sabor temperada maruja

Peixe por fé nós dever pescamos

repartição rede por salvação

pão nosso cada dia devemos

pescando na precisa comunhão

E na justiça que nos ordena

no legado do saber completo

vir a pena de bordo em plena

do nosso grande livro aberto



IV



Novas redes novos rudes barcos

assim se pedem ao nosso lugar

para seus filhos não serem parcos

e poderem livres o navegar

juntas como do certo futuro

que a civilização consola

voo gritante da ave puro

mar gigante que cego enrola

Por leva sabe se dever manter

vareiro mágico essa lição

levares na forma do teu viver

sem perderes a do seu coração




V





Se tudo isto não é saudade

no mar verdadeiro que acorda

as vagas lumes dessa verdade

ao ser importa a nossa vida

a matéria das almas grandes

que nos empelam o certo sonho

de viver livre sem tristes grades

do hino desse nosso caminho

Termina senda nessa praia

só o futuro de bom ditará

do valor nobre da poesia

que agora viva se encerra





















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