colega do compasso

 


A primeira profissão que tive foi tasqueiro guardo com saudade o serviço cultural que importa, matar e dar sêde a quem a tem.

A segunda foi trolha. Matou-me o mimo. Era um adolescente perdido no álcool nos primeiros dias de trabalho calhou-me mudar o bico de mil caldeiras de combustão de gaz urbano para bicos de combustão de gaz de garrafa. Acordei num armazém de subúrbio com os nós desfeitos numa papa de sangue a pensar que vida era mais que o malte e foder os trocos da velhota. Não desisti, percebi o castigo do meu pai.

Durante uns tempos trabalhei no Gerês na construção dum hotel. Vida penosa de instalar tubos num buraco de um metro de altura. O fumo da soldadura a entrar nos olhos do moço andei semanas sem conseguir fechar os olhos de noite cheio de resíduos. Todas as semanas demoliam a mesma parede por erro de calculo (é erro de projecto não). Trolhas mal qualificados.....etc...

Durante uns houveram obras na baixa da cidade onde vivo mais um parque de estacionamento para lavar fundos quando há tanta habitação social e saneamento por fazer. Vi-a os rapazes das obras num quebra cabeças quase impossível dia após dias, inundação após inundação. Pedia-lhes complacência com os olhos quando ficava na mesa a desenhar e a beber café com o bolo da vida de reformado que me tinha restado e nem essa restou. Deixem-me ser vivo.

Hoje ouvi as queixas das derrapagens do metro do porto, obras cuja identidade é habitual sociedade anonima e fazem chacota numérica com o seu próprio governo, nem pensam no esforço da vida desses homens esfarrapados por o progresso que não usufruir no dia da fita.

É o compasso que desenha isto tudo ou o seu engenho? Távola Rasa como gostam...meus caros colegas.


https://www.youtube.com/watch?v=uUCVVU1qVdY

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