São Cristovão









Começo por pedir desculpas aos pais do meu "filho" verdadeiro que sempre o cuidaram e estimaram por a vida fora.

Há uns anos levava uma vida dividida e inócua porque me tinha ensarilhado com um monte de mentiras que me deixavam à deriva, sem rumo. Fumava uns charros para alienar-me do assunto sem coragem de me decidir e as coisas iam ficando cada vez pior. Não eram os erros era a forma como os tratava.

Um dia um paraplégico bateu à minha porta com pedido de ajuda de estágio e emprego. Sabia desde o principio que era um espelho apontado contra mim, era um poço de cobrança de energias sem fim mas não duvidei da coragem e da vontade do Rui.

As minhas paranoias foram sendo substituídas por amor verdadeiro, ao ensinar-lhe design e ilustração, a cuidar dele e dar-lhe as refeições na boca devido ao seu grau de deficiência.

O meu vazio ácaro exsitêncial  foi substituído por carinho "paternal" e foi uma catapulta para mudar a minha boa vida para uma vida boa.

Tive o cuidado de o acompanhar depois de deixar o emprego, como todos os filhos foram à vida própria e têm a sua própria opinião sobre os assuntos. Não o prendo a nada como o meu pai me fez.

Apenas vos lembro que uma obrigação não muda nada em verdade.




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