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A ilha estranhamente começou a dispersar-se no oceano.

Os seus habitantes pensaram que se ia destituir noutra coisa mas amavam e matavam por ela e depois de reunido o concelho decidiram edificar uma nova civilização noutra desabitada que havia ali bem perto e com medo que se parti-se de novo nos limites edificaram uma grande torre no centro da ilha onde cabiam todas as pessoas e as suas actividades.

Todo o dinheiro era canalizado para a grande obra do centralismo, tudo se dirigia para lá as sinergias e as ideias. Longe iam os tempos em que morriam de medo de se dispersar como uma ideia.

Antes que se afunda-se pela periferia dos revoltosos periféricos que não obtinham os privilégios das suas próprias contribuições, a grande torre começou a afundar-se na sua própria opulência porque os seus edificadores não contavam que quanto mais subiam mais afundavam os alicerces e que os próprios alicerces detonavam os alicerces da ilha.

Perguntavam-se agora se poderia haver governo sem centralização? E mais ainda o que era o centro?

Chamaram então sábios de todo mas nenhum conseguiu resolver o problema, porque confundiam o modelo do sistema com o sistema do modelo e tornaram-se repressivos na autoridade.

Teremos que julgar o nosso Deus perguntaram?

A ilha afundava-se porque a opulência do centro era a miséria periférica e no entanto qualquer civilização viva tentou resolver o problema. O Bom Deus muda-se a civilização não. A matéria não é precisa no lucro e o lucro não é preciso na matéria.

A especulação como agente de segurança chama-se caos.

Então deitaram-se todos quietos na areia da praia e morreram sufocados nos seus próprios detritos, por uma questão de tempo.


Marginal Neblina AMP Espinho 24102019

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