novembro










Foi há quase vinte anos num dia assim chuvoso que desisti quase de vez da minha ultima profissão, estava em entre-os-Rios aquando da queda da ponte Hintze Ribeiro. Desisti da minha profissão na impotência proeminente de não poder fazer nada e ver o circo flashado informativo a aparecer como cogumelos, o primeiro em Portugal.

Muito do bom jornalismo morreu como eu nesse dia.

Chovia copiosamente as cameras fixadas no leito perante o desespero de respostas num plano a chumbo como num filme de Manuel de Oliveira e nada senão esquizofrenia.

Há uns dias um sem abrigo encontra um recém-nascido no contentor do lixo e o circo dos meus pesadelos regressou mais uma vez a fazer cabala sem indício.

Quantas mulheres de boa condição não fazem todos os dias o mesmo crime mesmo protegidas por a lei, quantas vezes um homem não é autroista e injustiçado. Luvas para tapar calos especulações sem dorso cervical. Nem tonterias.

Cansei-me de fazer conjunções aos meus antigos camaradas de trabalho, mas aqui é todo um povo e um governo mórbido que falha.

Apressaram-se em responsabilizar e julgar uma jovem estigmatizada pela sociedade e o sistema que a devia defender de si mesmo Não seria um final de Hollywood ainda haver esperança, digamos em quê?




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