A boca da desinformação




Comprei o meu primeiro jornal andava no nono ano repetente acho que em 1986 quando estalou a guerra dos Balcãs foi o primeiro número do público. Comprei-o anos a fio, lia primeiro a tira do Calvin e nas viagens de ida e volta para o Porto acabava de ler o resto. Divertia-me com algumas boas histórias ao Domingo e principalmente com o Jornalista Pedro Rosa Mendes (não é um favor), lembro-me ainda mais dum artigo que não só por uma questão racional qualquer mas também uma besteira emocional maior me levou a fazer a minha primeira ilustração mais séria sobre um artigo de Jornal.

O artigo chama-se "Avião atira-me bombons". Retratava o horror civil que se viva na Sérvia aquando dos bombardeamentos da Nato. A primeira guerra mundial começou na Sérvia, a Segunda Guerra mundial começou na Sérvia e a terceira guerra mundial lutou-se nos Balcãs com a estirpe dos mercenários internacionais em busca de sonhos húmidos de decapitação.

Falei disso tudo para vos explicar que se um artigo for sério é a apenas a visão do jornalista não do capital, para vos explicar que estar informado sobre um assunto não é o mesmo que ter cultura sobre ele.

Passei a minha infância nos reflexos da Descolonização e da guerra civil Angolana e de Ultramar, vi rajadas de metralhadoras a soar nos anos do meu irmão, bombas a deflagrar no bairro onde vivia.

Reconheci o cenário. Deixou-me revolta na boca. Mais do que nunca mais ter lido o Jornal.

A boca da desinformação é a luva.

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