O canto da sabedoria é o amor






Esta história foi-me contada em sonhos por o meu avô ti chico rasca


O canto da sabedoria  é o amor
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Aindava don Serigon
no seu cabal de papel
em buscando de aventuras
tiças para o seu dorsel

No cimo duma fraga
de encontrar essa donzela
fingindo tirou a braga
e tentou montar nela

a Dama lhe distringou
e disse-lhe em comenda
cavaleiro logo ta dou
se cantares a demanda

Don Seringou amargou
e as trevas lhe desassossegaram
suas alvidas brocharam
em seu coração um pássaro poisou

Ó linda ave dai-me teu canto
belo de amor para poder domar
a ferida desse pranto
de quem me exigiu professor

A ave dizeu-lhe então
Porque quereis ouvir de meu
se a todos pertence
o teu só coração

Don Seringon entendeu o canto
e da montada fez domada
serei então o cavaleiro
em tomando dos braços da amada

E a ave era um pavão
de decoro e injuria
exibiu o dote à amada
e levou um estalo de fúria

Tentando de novo a senda
o armado fez-se armadura
tomou a dama dizendo
tenho saber para a tua cura

E a donzela curiosa
bateu asas de ravina
moutrou-lhe a rosa
e ditou-lhe a sina

Don Seringon era maço de armas
na verdade da sabedoria
e no meio das suas pernas
cantou o silêncio da poesia

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